segunda-feira, 27 de abril de 2015

Eduardo Kobra


Histórias nos muros da cidade
Inspirado no muralista mexicano Diego Rivera e no pintor contemporâneo Andy Warhol, Eduardo Kobra desenha a céu aberto a São Paulo de antigamente.



"As pessoas que antes não prestavam atenção nos muros passaram a admirar. Alguns senhores parecem matar a saudade da SP da infância deles"
EDUARDO KOBRA, muralista 







De longe, parecem cenários de filme de época. De perto, são como "grafites diferenciados". Só que, em vez de spray, látex e pincel. As cenas de São Paulo nas primeiras décadas do século 20 atraem a atenção até de quem pouco aprecia a arte de rua. Essas imagens, que ilustram dezenas de muros, são, na verdade, murais inspirados no que fazia Diego Rivera (1886-1957)na Escola Mexicana dos anos 1920. Espalhados pela metrópole, em tamanho real, funcionam como túneis do tempo, portais para uma SP que já não existe. 


Praça Panamericana. Feito em outubro de 2010, tem 9 metros de altura por 30 de comprimento. Retrata um grupo de imigrantes italianos e destaca-se dos outros murais pelas cores usadas

A biografia de Kobra é semelhante à da maioria dos artistas de rua que, hoje, são reverenciados em todo o Brasil e podem viver de arte. Têm os trabalhos expostos em galerias descoladas da capital e são negociados. Aos 12 anos, o menino do Campo Limpo (zona sul) começou a pichar muros. Sob influência da cultura hip hop americana, foi aos poucos lapidando a técnica. Aprendeu a desenhar, saltou do pixo para o grafite e começou a espalhar suas marcas pela cidade.

Eduardo Kobrainterpretação do sul de Dakota do famoso Monte Rushmore. O pintor foi contratado para produzir a peça para uma inauguração no Dia da Independência.

Influências

A principal influência de Kobra era a arte de rua de Nova York, a pop art de Andy Warhol e o "primitivismo intelectualizado" de Jean-Michel Basquiat. Mas, ao rebobinar 60 anos, se deparou com a Escola Mexicana dos anos 1920. E algo diferente aconteceu. O estilo e as ideias da "arte para todos" do muralista Diego Rivera terminaram de desenhar a identidade artística de Kobra. 


Andy Warhol, Marilyn



                                                          Diego Rivera, Sonho de um domingo à tarde na Alameda Park.

"Só percebi depois que criei: pessoas que antes não prestavam atenção nos muros passaram a observar, a fotografar. Muitos senhores param, olham. Acho que sentem saudade da cidade da infância deles. E os mais jovens descobrem o que a cidade foi no passado. É uma boa forma de fazer um contraste entre épocas", afirma o artista Eduardo Kobra, 35, criador do projeto Muros da Memória. Esse estilo de arte urbana, segundo ele, mudou um pouco o perfil do público que consome arte de rua, e até a visão que alguns tinham do grafite.


Arte na rua

Alguns murais de Kobra espalhados pela capital 

Projeto Muro da Memória na av. 23 de maio, alt. do viaduto Tutoia (zona sul)

O cubo mágico está no começo da av. Oscar Americano, no entroncamento próximo ao Jockey Club (zona oeste)

Imigrantes italianos no início do século 20 (Muro da Memória) no viaduto Cidade Universitária, a 100 metros da praça Panamericana (sentido Pinheiros, zona oeste)

Casa colorida "vintage" com temas circenses na esquina da r. Purpurina com a r. Fradique Coutinho, em frente à galeria Fortes Vilaça, na Vila Madalena (zona oeste)

Mural Alex Vallauri, no muro da Igreja do Calvário, entre a av. Henrique Schaumann e a r. Cardeal Arcoverde, em Pinheiros (zona oeste)

Obrigado:

Eduardo Alves 
Joneide Capiotto
Francisca Silva
Walquiria Perez



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