Antonio Francisco Lisboa, que ficou
famoso no mundo inteiro como Aleijadinho, nasceu em Ouro preto,
Minas Gerais em 1730, cidade que a época tinha o nome de Vila Rica. Filho do
casamento de Manuel Francisco Lisboa, Português e mestre de obras de profissão,
e da escrava Isabel, o escultor mineiro aleijadinho aprendeu desde cedo o
ofício do pai, que foi o primeiro arquiteto de Ouro preto.
Apaixonado pela arte, Aleijadinho só
fez a escola primária, passou sua infância e juventude ajudando o pai e o tio,
Antonio Francisco Pombal, um entalhador muito conceituado na cidade àquela
época, não aproveitando as brincadeiras de criança que deveria ter. Segundo
consta, a formação profissional de Aleijadinho pode ter sido aprimorada,
enriquecida com a experiência de João Batista Gomes, abridor de cunhos e de
José Coelho Noronha, entalhador e escultor, com que o artista teria uma relação
muito boa.
Em 1777, Antonio Francisco Lisboa
contrai a doença que lhe traria com o tempo o apelido de aleijadinho, a doença
que foi deformando o artista com o passar dos anos, fez com que ele perdesse os
dedos dos pés, e das mãos. Os pesquisadores até hoje não conseguiram determinar
com certeza qual o problema de saúde que teria trazido tão graves seqüelas, se
foi hanseníase, sífilis, ulcerações gangrenosas ou
ainda uma tromboangeíte obliterante, doenças que aquela época não tinha
tratamento eficaz e muito menos cura.
No período mais crucial, seus
artesãos atavam os instrumentos a luvas de couro que cobriam suas mãos e o
carregavam, pois ele já não podia caminhar. A verdade é que a doença trouxe um
sofrimento indizível, mas ao que comprova a sua obra, este trouxe uma
sensibilidade muito maior ao escultor Aleijadinho, entalhador, desenhista, e arquiteto do Brasil colonial.
Sua obra tem traços de genialidade
que a tornaram conhecida no mundo inteiro, e hoje existe em Ouro preto um museu
onde está exposto o seu acervo e onde é contada a sua história, mostrando o
talento e a determinação desse homem que sofreu dores lascinantes, precisou atar
os instrumentos as mãos para poder trabalhar, mas nem mesmo assim desistiu. No
auge de sua doença e com mais de 70 anos e idade, produziu uma de suas mais
importantes obras, que é a fantástica coleção de esculturas dos doze apóstolos,
que o tornou definitivamente uma celebridade artística, não como esculturas de lata ou de neve.
As suas obras-primas foram esculpidas
em pedra-sabão, realizadas no período de 5 anos, entre 1800 a 1805, na cidade
de Congonhas do Campo. As esculturas dos 12 apóstolos Abdias, Adacuque, Amós, Baruque,
Daniel, Ezequiel, Isaías, Jeremias, Jonas, Joel, Naum e Oseias, ficam no adro
do santuário da Igreja católica do Bom Jesus do Matosinho. Na frente da Igreja
há uma ladeira com 6 capelas onde estão um conjunto de esculturas de
Aleijadinho, em tamanho real, que revelam a Via Crucis de Jesus.
A obra de Aleijadinho tem uma forte e
decisiva influência da cultura religiosa católica, mas quando temos o
privilégio de visitar o museu e apreciar as belezas, somos imediatamente transportados
no tempo, pois essas peças são carregadas de uma emoção indescritível, pela sua
grandiosidade, imponência e beleza. Aleijadinho morreu em 18 de novembro de
1814, aos 84 anos e cego, na cidade de Ouro preto, onde nasceu e passou sua
vida. Os dados que existem sobre a vida do artista barroco e obra são escassos
e provem de um apanhado de memórias escritas pelo vereador de Ouro Preto, Sr.
Marino, 40 anos após sua morte, e publicadas posteriormente.
Vida e Obras de Aleijadinho:
Aleijadinho viveu e produziu a
maioria de suas obras nas cidades de Ouro Preto e Congonhas, no estado
brasileiro de Minas Gerais, no período de 1730 a 1814. Esses dados carecem de
confirmação documental, assim como a sua vida, seus trabalhos não foram
catalogados na época e não tinham assinatura dificultando um levantamento
preciso de sua grandiosa obra.
Ele foi um escultor barroco e
trabalhou também como arquiteto, entalhador e marceneiro. Seu talento, no
entanto, foi difundido apenas por suas esculturas, e nessa arte trabalhava
usando especialmente a pedra-sabão e madeira. Muitos historiadores e estudiosos
da vida e obra de Aleijadinho dividem sua carreira em dois tempos diferentes,
antes da doença deformante e após o início da doença, sendo essa última seu
período mais fértil, quando surgiram suas esculturas mais primorosas.
Aleijadinho Marceneiro e Entalhador
São, ao todo, 22 trabalhos
conhecidos de Aleijadinho como marceneiros entre eles se destacam oratórios
grandes que estão expostos no Museu do Pilar de Ouro Preto e da Inconfidência e
também as cadeiras e o trono episcopal executados num estilo rococó esplêndido
que estão no Museu da Arte Sacra de Mariana. Como entalhador, o artista fez os
altares das Igrejas de N. Srª do Pilar de Nova Lima e de São Francisco de Assis
da cidade de Ouro preto, assim como os altares laterais da Igreja de São João
Del-Rei. Também executou trabalhos riquíssimos de entalhamento usando
pedra-sabão nos portais de diversas igrejas mineiras. São, ao todo, 29 obras de
entalhamento de madeira catalogadas e atribuídas ao artista.
Aleijadinho Arquiteto
Em um documento datado do ano de
1771, Antônio Francisco de Lisboa é chamado de arquiteto. Assim, sob essa égide
o artista produziu 23 projetos e trabalhos conhecidos, entre eles os principais
são os projetos das Igrejas de São Francisco de Del-Rei que não foi executado,
de São João Batista de Barão de Cocais, e de São Francisco de Ouro Preto, além
disso, é de sua criação o projeto arquitetônico das torres da matriz de
Tiradentes.
Aleijadinho Escultor
Foi trabalhando como escultor que
Aleijadinho deu vazão a todo o seu talento artístico. Em levantamentos
realizados por diversos historiadores foram atribuídas ao artista 318
esculturas, além de 25 classificados de esculturas ornamentais. Existem, entre
uma corrente de historiadores, dúvidas quanto à autoria de algumas obras do
artista, visto que as mesmas não têm assinatura e Aleijadinho e tiveram vários
auxiliares e discípulos de suas técnicas. Assim sendo, o número de trabalhos
atribuídos a Aleijadinho não é definitivo, há a possibilidade de ser bem maior
ou não.
A obra artística de Aleijadinho
passou por diversas fases, mas chama a atenção e o período em que produziu seus
melhores trabalhos foi a partir de sua doença, quando passou a trabalhar exaustivamente,
chegando a precisar amarrar as ferramentas às suas mãos. As obras que realizou
nessa época imortalizaram seu nome e seu dom, foram 30 anos em que produziu
esculturas perfeitas e brilhantes, com uma perícia e uma riqueza de detalhes
inimaginável.
É no Santuário de Bom Jesus de
Matosinho, em Congonhas, que se encontra um dos maiores legados artísticos de
Aleijadinho, ao qual ele dedicou 10 anos de sua vida a partir de 1796, são 66
estátuas de madeira de cedro que representam a Via Sacra, chamada de “Passos da
Paixão” e os 12 Profetas feitos de pedra sabão. As 66 estátuas que compõe a Via
Sacra estão dispostas em 6 capelas independentes e parecem possuir vida
própria, seja pelas cores, pela perfeição ou mesmo pela riqueza de detalhes. Em
contrapartida, as estátuas dos 12 profetas que ficam como que guardando o
santuário não têm a mesma perfeição e seus traços anatômicos são muitas vezes
desproporcionais.
A obra de Aleijadinho está espalhada
especialmente por igrejas e santuários de Minas Gerais, maAs são na cidade
histórica de Ouro Preto que se encontra a maior parte do acervo do artista, e
também o museu com suas obras, documentos e parte de sua história, na Igreja
Matriz de Nossa Senhora da Conceição. O reconhecimento do artista ultrapassa as
fronteiras brasileiras e ele é reconhecido mundialmente, como um mestre da arte
barroca.
Entre suas obras mais importantes,
além das citadas, temos a imagem de São João Batista, a por talada da Igreja de
São João do Morro Grande; a imagem de Nossa Senhora do Carmo na Matriz de Nossa
Senhora do Bom Sucesso; a imagem do Bom Jesus; o crucifixo na Matriz da
Conceição; a Fonte da Samaritana no Seminário Maior; projeto e execução do
chafariz no Hospício da Terra; altares colaterais de Nossa Senhora da Piedade e
de São João Batista na Igreja de Nossa Senhora do Carmo; imagem de São
Francisco de Paula atualmente no museu do MASP; estátuas dos santos Simão Stock
e João da Cruz na Igreja de Nossa Senhora do Carmo; Imagem de Nossa Senhora das
Dores no MASP, e inúmeras outras obras desse impressionante artista brasileiro.
ANDRÉA AP. FERNANDES
CLARICE ALEXANDRA PINHEIRO
ELAINE LEMOS S. DE JESUS
TEREZINHA LOPES DOS SANTOS
MARTA LIRA NAVARRO
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